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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Paulinho: o roupeiro que é símbolo do Sporting

Os últimos dias do universo leonino tem sido algo turbulento. Uma das mais recentes tomadas de decisão da cúpula sportinguista é a proibição de brincar com o famoso roupeiro Paulinho. Mas quem é Paulinho para os novos directores sportinguistas? Talvez seja altura de lerem este post do Leão da Estrela:


Deficiente, abandonado pela mãe. Paulo Gama cumpre um sonho em Alvalade. Há 24 anos. É Prémio Stromp e já foi reconhecido pela UEFA. É o roupeiro mais mediático do País.

Pinto da Costa já lhe chamou "atrasado mental" nas célebres escutas telefónicas gravadas no âmbito da investigação judicial à corrupção no futebol português, mas o Sporting ficou caladinho, talvez para não perturbar as relações amigas com o dirigente nortenho.
Dele, o antigo treinador Paulo Bento chegou a dizer: "O Paulo sabe bem quando é que pode brincar. Tem bem definidos os momentos de trabalho e as suas obrigações. É um excelente profissional." Agora, os jogadores do Sporting não podem brincar com ele, em função de regras ditadas por Costinha, o director do futebol que já militou no Dragão...
Quem é Paulinho Gama? Como foi parar ao Sporting o roupeiro mais mediático do futebol português? Paulo Gama, de 41 anos, conhecido no futebol pelo diminuitivo Paulinho, nasceu com algumas limitações psicomotoras e foi abandonado pela mãe. Antes de chegar ao Sporting, com 16 anos, em 1986, passou por uma instituição de cariz social. Em Alvalade, fez uma recuperação notável, ajudado por médicos, jogadores, dirigentes e treinadores. Começou no hóquei em patins e passou pelo futebol jovem, até que foi promovido a técnico de equipamentos da equipa profissional. Tornou-se mesmo numa figura emblemática do clube. Já recebeu um galardão Stromp na categoria Prémios Especiais e foi homenageado pela UEFA.
Carlos Antunes, um homem com uma longa passagem pela gestão de recursos humanos quer em instituições privadas quer públicas, passou também pela gestão de recursos humanos do Sporting, no tempo da presidência da Amado de Freitas (1986-1988). Quando desafiado a contar uma “estória” ligada à gestão das pessoas no mundo do pontapé na bola, lembrou-se da contratação do Paulinho.
Diz Carlos Antunes: “Toda a gente ligada ao fenómeno do futebol conhece o Paulinho, o roupeiro. Hoje a designação parece ser a de técnico de equipamentos, mas esta questão da modificação das designações funcionais a que vamos assistindo é outro problema que não cabe aqui ser analisado. O Paulinho, o roupeiro da equipa principal de futebol do Sporting... Pode mesmo dizer-se que ele é mesmo o único elemento que ombreia em popularidade e mediatismo com os futebolistas, o que não acontece nas restantes equipas do nosso futebol. Haverá alguém capaz de se lembrar do nome do roupeiro do Benfica, ou do nome do roupeiro do Porto?”
Pouca gente, por certo. Assim como pouca gente conhece as circunstâncias em que se processou “a contratação do grande Paulinho”. De novo Carlos Antunes: “No decurso da minha passagem pelo Sporting, fomos contactados, eu e a então chefe de secção de pessoal, Fernanda Simões, por uma instituição de deficientes no sentido de saber até que ponto poderíamos colaborar na recuperação de um dos seus alunos, cuja característica principal era a de que se tratava de alguém cuja referência e modo de lhe fixar a atenção ter a ver unicamente com tudo o que se relacionava com o Sporting.”E então, um belo dia, “apareceu-nos em Alvalade a responsável da instituição, acompanhada do Paulo Gama, que na altura, se me lembro, tinha dezasseis anos. Todos constatámos logo o ar de felicidade estampado no rosto dele por se encontrar em Alvalade; era certamente a realização dos seus sonhos. A responsável da instituição queria que analisássemos em conjunto a questão, ou seja, estava vago o lugar de roupeiro da equipa de futebol dos juvenis. As funções eram arrumar os equipamentos provenientes da lavandaria, limpar e engraxar as botas, etc. Ficou logo acertada a contratação do rapaz para o lugar.”
Numa primeira fase, ainda que se deslocasse diariamente às instalações do clube, para a prestação dos serviços atrás referidos, Paulinho continuou entregue aos cuidados da instituição, a quem de resto o Sporting pagava a remuneração da sua colaboração. “O que interessa relevar é que, na sequência dos traços psicológicos detectados e das tarefas que lhe foram dadas, o Paulinho revelou desde o início uma enorme motivação; e, certamente como consequência, uma enorme dedicação e um enorme profissionalismo no exercício do cargo. Isso permitiu-lhe, já muito tempo depois da minha saída, a promoção ao lugar de técnico de equipamentos da equipa de futebol profissional, com um estatuto que só ele possui em Portugal.”
Trata-se, sem dúvida, de um “estória” feliz. “Uma ‘estória’ dos recursos humanos no futebol, em que foi possível, através do desporto e de um ideal, o de pertencer ao Sporting, proceder à recuperação integral de um deficiente. Uma pessoa que, para além de ter demonstrado capacidade para o exercício de uma profissão, superou através dela o essencial da sua deficiência, tornando-se, e isto é o mais importante, autónomo, não dependente, e plenamente integrado na sociedade.”Ninguém duvida, com toda a certeza, de que foi uma grande contratação.
O post original pode ser lido aqui
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